sábado, 30 de junho de 2007

Grande Nelson...


Quando eu estava no colegial, formamos um grupo de teatro para uma amostra que haveria na cidade, e apresentamos uma peça do Nelson Rodrigues. Foi meu primeiro contato com obras deste homem. É o tipo de autor que ou você ama, ou você detesta (inclusive, provavelmente qualquer homem que ler alguma obra do Rodrigues irá entrar pro primeiro grupo, e provavelmente qualquer mulher que ler irá entrar pro segundo. Se bem que o próprio Nelson diria que elas na verdade amaram, mas só fingem detestar!).
Aos que nunca assistiram nenhuma adaptação de obras dele nem tiveram a felicidade de ler algo dele, deixo aqui um exemplo da genialidade deste homem, e alguns links aos interessados:

O rico e o pobre são duas pessoas.
O soldado protege os dois.
O operário trabalha pelos três.
O cidadão paga pelos quatro.
O vagabundo come pelos cinco.
O advogado rouba os seis.
O juiz condena os sete.
O médico mata os oito.
O coveiro enterra os nove.
O diabo leva os dez.
E a mulher engana os onze.

Nelson Rodrigues

Caso estejam curiosos, a peça que eu e meu grupo apresentou chama-se: "A mulher sem pecado.", e é ÓTIMA.

Nelson Rodrigues


A mulher sem pecado

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Arght...




Antes de mais nada, eu gostaria de pedir desculpas a todos que lêem este blog. Eu havia me proposto a postar uma mensagem por dia e não estou conseguindo... culpa da faculdade! Ahhh!!! Eis que me lembro de um veterano me dizendo algo no primeiro dia de aula... "Bixão! Se prepara, a faculdade só vai atrapalhar sua vida!".
Heh. (cara séria).
Na verdade, está batendo aquela crise de final de curso também... virar gente grande está cada vez mais próximo e ainda não parece nada tentador... ah como eu queria que pelo resto da minha vida, minha maior preocupação fosse uma prova difícil ou um trabalho grande! Mas é isso aí, não tenho um assunto para postar hoje e sinceramente não quero transformar este blog num diário, então está aí o motivo dos meus "não-posts" e um sincero pedido de desculpas. Mas calma, tudo termina (por bem ou por mal) semana que vem. Abraços a todos!

terça-feira, 26 de junho de 2007

3! 2! 1! LANÇAR!!




JetPacks. Mochilas-à-Jato, na tradução literal. E eu achando que a humanidade já tinha desistido disso aí, e eis que me deparo com o seguinte: uma empresa mexicana dedicada à construção de veículos movidos à foguete (!!!). PORRA, FOZZY, COMO ASSIM FOGUETES!??! É!! Foguetes, tipo aqueles da ACME que sempre explodiam na cara do Coiote...
Os caras oferecem (entre outros veículos) uma mochila voadora (movida à Peróxido de Hidrogênio) por módicos U$250.000,00.
Imaginem as pessoas voando por aí em mochilas... imagina quando alguém passar reto num semáforo vermelho, que desgraça!!
Ah, lá no site tem uma bicicleta movida à foguete também, para aqueles dias que você está atrasado para a faculdade e quer dar uma esquentada no rabo...

fonte: http://www.tecaeromex.com/ingles/RB-i.htm

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Porco, o Rei!!



Nossa! Segundona, cade o post de domingo?! É... sem chances, rolou uma super feijoada aqui nas kits, nem teve como eu pensar num post (de barriga cheia? Pensar?? Humm, acho que não).
E eis que, inspirado pela divina influência suína do porco (ha ha ha!) eu venho falar justamente deste animalzinho!
Sei que alguns irão discordar, mas eu acredito no porco como uma das maiores invenções da humanidade: há tantos séculos ele foi domesticado, e desde então, lá na distante eurásia, ele vem sendo moldado numa das nossas principais fontes de alimentação.
Ah, sim, passei a noite pensando nestes animais, já que a Adriana (minha querida vizinha da frente, aniversariante de hoje (PARABÉNS DRI!)) deixou uma panelona de Torresmo queimar aqui em casa... Não que eu reclame! Adoro torresmo!
Enfim, feijoada! Desprezado pelos senhores de engenho, e hoje apreciado como prato nacional e requisitado em restaurantes internacionais! Devo dizer que comi tanto ontem que nem jantei!
Ok, o post de hoje não foi muito instrutivo, nem filosófico, mas poxa gente! Quem não gosta de feijoada?!

sábado, 23 de junho de 2007

Perigo na Química!!!

Olá caros leitores! Hoje postarei um documentário filmado na UFSCar, mostrando os perigos que existem na má construção dos departamentos. Os filmes foram filmados no Departamento de Química!
Câmera: Fozzy
Jornalista: Don Fabrizzio
Responsável Técnica pelo Prédio: Adriana

Observação técnica: o equipamento de filmagem amador infelizmente não conseguiu capturar a imensidão cósmica do som...

SEM MAIS DELONGAS, DESLIGO!

PARTE 1


PARTE 2


PARTE 3


SEM MAIS DELONGAS, DESLIGO!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Primeira Pessoa x Terceira Pessoa: O retorno! (Parte 2 de 2)




Hoje, seguindo a sequencia dos dois comentários sobre o tema "Primeira Pessoa X Terceira Pessoa", estarei colocando aqui o comentário do Victor, da Imagem e Som aqui da UFSCar, de 2004 (a mesma turma do Felipe). Conheci essas figuras numa disciplina do semestre passado (Teoria dos Jogos) e hoje estou ajudando num curta bacana que eles (e mais um pessoal muito talentoso) estão produzindo... quem sabe mais no futuro eu escreva sobre isso? Bom, aí vai o comentário! (Comentários de pessoas de outras áreas também são muito bemvindos!).

obs. Nunca imaginei que uma discussão que eu comecei com eles via msn fosse tomar estas proporções!

Oi Fozzy!

Vou começar fazendo um desvio no tema do tópico:
Imersão, para mim, tem a ver com você desligar-se da sua realidade e (dã) imergir num mundo outro, que oferece sensações diferentes, histórias diferentes, etceteras diferentes.
Eis o grande papel da imersão: suscitar uma suspensão da descrença [conceito muito usado em teoria do cinema. o espectador cessa de desacreditar no caráter construído daquilo que vê (afinal, são só imagens bidimensionais que representam a realidade tridimensional) - e imerge naquela narrativa, se identifica com os personagens, compartilha sensações, enfim]

E o cinema (e os jogos, herdeiros de certas tradições cinematográficas) tem um tipo de guia, de fórmula a seguir. Sai Arqueólogo Intrépido, entra Pirata Simpático. Sai Darth Vader, entra Agente Smith.

Por mais que as HISTÓRIAS contadas sejam diferentes, as SENSAÇÕES são muito semelhantes. Fundamentalmente consegue-se essa identificação com o protagonista (homem, branco, heterossexual) através de uma câmera-cúmplice. O espectador vê mais ou menos o que o personagem vê. Compartilhando esse olhar, tanto o espectador quanto o personagem se assustam, se apaixonam, se emocionam com as mesmas coisas, mais ou menos. Um exemplo clássico é o do 'Vertigo' do Hitchcock. Você só vê o que o protagonista vê (mas raramente PELOS OLHOS DELE), durante a primeira metade do filme. E com isso, protagonista e espectador tornam-se ligados, vinculados.

Na segunda metade do filme, você conhece outro ponto de vista - que o protagonista desconhece, o que só aumenta o suspense! Você sabe de algo crucial que o seu camarada ali na tela nem imagina!!! Oh, que agonia! (Você sabe do que eu estou falando. Quando a câmera assume o ponto de vista do vilão, prestes a assassinar o mocinho desavisado, por exemplo)

É - bem toscamente explicado - mais ou menos esse o mecanismo de identificação entre protagonista e espectador. Se quiser se aprofundar no assunto, vide Ismail Xavier - O Discurso Cinematográfico: Opacidade e Transparência.


A imersão. Sim, a imersão.
Há uma prova pelo absurdo de que ver pelos olhos do protagonista (com quem espera-se criar identificação) não funciona muito bem. Tem um filme com o Humphrey Bogart, que é sobre um ladrão que faz uma cirurgia plástica pra fugir das autoridades. As primeiras sequências são inteiramente feitas em primeira pessoa. Aí o cara faz a tal cirurgia plástica e ganha a cara do Bogart e a câmera "sai".

Talvez não seja só por esse motivo (não vi o filme), mas esse procedimento causou uma estranheza muito grande no público. O filme - cujo nome eu não me recordo - foi um fracasso de bilheteria.
De todo modo, o cinema historicamente preferiu que o espectador se veja projetado na tela, e não DENTRO da tela.


Passo aos games:

Ando meio desatualizado, mas já joguei vários jogos em primeira pessoa e vários em terceira. O que há de comum entre todos os jogos em primeira pessoa: o risco de ser pego de surpresa por um inimigo fora do seu campo de visão, a ilusão de perspectiva mais acentuada, uma violência maior CONTRA a câmera/seus olhos. Entretanto, esses jogos - como disse acima - seguem um padrão. Há os jogos mais assustadores e os menos, os gráficos mais realistas e os menos (só consigo lembrar daquele Shooter do South Park pra N64. É quase regra os shooters almejarem a um realismo extremado). O que eu quero dizer é que em EM LINHAS GERAIS, não tem muita diferença em jogar DoD, Counter-Strike, Unreal, Deus EX... as SENSAÇÕES são mais ou menos as mesmas.


Toda essa discussão surgiu por causa da bugiganga que estão inventando, na qual o jogador, dentro de uma roupa especial, com uma câmera projetada sobre ele e uma tela à sua frente, SE VÊ dentro de um game, interagindo com aliados, inimigos e o escambau. Porque eu acho que é uma experiência muito mais rica SE VER num trem desses do que VER O MUNDO com um trem desses: é uma sensação nova, pouco explorada pelos games. Ver-se descorporalizado, ou então re-corporalizado. Ver-se em outro corpo, caralho. Agindo, pulando, andando. É o seu corpo que pula. Mas você não vê o mundo chacoalhando, você vê um outro corpo (virtual) obedecendo ao que o seu corpo físico manda.

Com essa ciência de que os shooters em primeira pessoa via de regra almejam ao realismo, e percebendo que a computação gráfica ainda está muito abaixo do REAL (que me desculpem todas essas modelos virtuais "gostosérrimas", mas elas ainda estão muito mais perto da Barbie do que da Pamela Anderson), eu tenho a sensação que um aparato desse, em primeira pessoa, seria quase como um paintball piorado. Onde eram fotons-reais, agora são uns pixels-realistas. Não dá pra comparar.


Agora, essa experiência de descorporalização é algo muito mais instigante para mim. Você nunca se divertiu fazendo algum bonequinho em algum jogo fazer algo ridículo, ou estúpido, ou erótico, ou o que seja? Eu já (mas não lembro de exemplos).
Mas e se ao executar esse comando, o meu próprio corpo estivesse também se sujeitando ao ridículo?

São perguntas como estas que me levam - neste primeiro momento, e no caso daquele aparelhinho em particular - em direção à descorporalização, e não à "imersão". Ao invés de REPRESENTAR o avatar, o Outro, através de um joystick, ou um teclado, SER o avatar.

Sei lá. Novas maneiras de estar no mundo.


Acabou não cabendo um comentário sobre o Katamari, mas se a discussão continuar, quem sabe.


Abraços!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Primeira Pessoa X Terceira Pessoa: O retorno! (parte 1 de 2)



Bom dia pessoas! Gostaria de dizer com grande entusiasmo e felicidade que recebi dois ÓTIMOS comentários no post sobre a discussão sobre Imersão "Primeira Pessoa X Terceira Pessoa"! Tão bons que estarei postando eles na íntegra aqui, como novos posts. O primeiro é do Felipe, aluno da Imagem e Som aqui da UFSCar, ano 2004, que começou argumentando contra meu ponto de vista de que jogos em primeira pessoa são, em geral, mais imersivos. A argumentação é muito interessante e levantou pontos que eu nem tinha imaginado... lá vai!

Olá Fozzy!
Na minha opinião, a imersão de um jogo depende de uma série de fatores, como o som, ambiência, trilha sonora, movimentação, inteligencia artificial dos NPCs, grau de realismo imagético, roteiro, construção de personagens etc(essa lista vai longe).
Todos esses fatores atuam de certa maneira, para te colocar dentro da diegese do game (ou não), sendo o ponto de vista do personagem apenas um dos fatores, e na minha opinião um fator não-decisivo.

Quando conversamos sobre o assunto você me apresentou alguns bons exemplos de jogos em 1ª pessoa que são muito imersivos. Agora lhe pergunto, você analisou com cuidado esses outros fatores que eu citei? Com certeza eles são muito bem trabalhados, e compõe um conjunto de "linguagem" que acaba influenciando na experiência do jogar.

Por exemplo, aquele jogo que você mesmo me passou, me dizendo ser uma experiência emocionante, o DefCon. O grau de realismo imagético daquilo é extremamente baixo, mas o jogo causa sensações extremamente realistas, usando da trilha sonora, efeitos sonoros e principalmente, do imaginário do usuário! Uma pessoa que não tem experiências audio-visuais, literais ou mesmo reais com o horror da guerra dificilmente vai sentir a sensação de desconforto e arrependimento que o jogo causa. Nós que temos um pequeno esclarecimento sobre o assunto podemos trazer centenas de imagens do nosso subconsciente e aquela experiencia torna-se EXTREMAMENTE imersiva.

Outro bom exemplo de imersão seria a série do Katamary Damacy, mas esse eu deixo para o Vitor falar com mais propriedade. Vitor, quão imersivo Katamari pode ser? Oque nos causa aquela porrada de sensações, aquela euforia, que sentimos ao jogar?

Não acho que podemos cravar uma regra em pedra: Jogos de X pessoa são mais imersivos que os jogos de Y pessoa. Acho que temos que analisar vários fatores e daí sim poderemos fazer uma análise séria.

DefCon: http://www.everybody-dies.com/

Katamari: http://katamari.namco.com/

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Ao secularismo, obrigado!


Volto a escrever sobre as palestras que vi semana passada na faculdade, sobre Criacionismo x Evolucionismo.
As palestras continuam acontecendo e criando polêmicas no meio acadêmico: ouvi até que iam cancelar o circulo de palestras. Incialmente, esta atitude de proibição se encaixou (na minha cabeça), no que eu havia escrito como dogmatismo e extremismo por parte da ciência. Mas eu estava vendo a história por uma ótica diferente. O problema não é o assunto sendo tratado, e sim, o local onde ele está sendo tratado! Assisti uma palesta, basicamente ensinado teorias criacionisas EM PLENO MEIO ACADÊMICO e não havia me sentido incomodado, esquecendo-me da principal razão da existência do ambiente acadêmico: criação, discussão e desenvolvimento de CONHECIMENTO CIENTÍFICO. Realmente, acho que não faz o menor sentido utilizar-se de espaços da faculdade, alunos e professores para discutir um assunto que não irá gerar conhecimento algum.
Citando a informação passada a mim por um amigo meu: "(O) secularismo do estado foi uma das maiores conquistas da democracia moderna." (Valeu pela contribuição ao Blog, Brunão!)
Fé tem lugar para ser discutido, e com certeza este lugar não é no CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) da UFSCar.

obs. Para quem quer ler sobre secularismo e entender o que é: http://pt.wikipedia.org/wiki/Secularismo
O link em português é bem mais pobre que o em inglês, portanto quem se interessar em aprofundar e não tiver problemas com o inglês, aí vai: http://en.wikipedia.org/wiki/Secularism

terça-feira, 19 de junho de 2007

Uma reflexão sobre a música "nana neném" e o terror na mente das crianças


"Nana neném
Que a cuca vem pegar
(...)"

Segundo o Wikipedia: "A cuca é um dos principais seres mitológicos do folclore brasileiro. Diz a lenda que era uma velha feia na forma de jacaré que rouba as crianças desobedientes. O personagem se tornou ainda mais conhecido nos livros infantis de Monteiro Lobato e nas suas várias adaptações para a televisão, como o Sítio do Picapau Amarelo. A origem desta lenda está num dragão, a coca das lendas portuguesas, tradição que foi levada para o Brasil na época da colonização." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cuca)

Ainda segundo nosso digníssimo Wikipedia: "A coca é um ser mítico, uma espécie de fantasma, bruxa ou bicho-papão com que se assustam meninos. Embora não tenha uma aparência definida, este ser assustador tinha uma representação figurada, a sua cabeça era uma espécie de abóbora ou cabaça da qual saía luz (ou fogo). A representação da coca era feita com uma panela ou abóbora oca em que se faziam três ou quatro buracos, imitando olhos, nariz e boca, e em que se colocava uma luz dentro e deixava-se, durante a noite, num lugar bem escuro para assustar crianças e pessoas que passavam. A coca é um ser feminino, o equivalente masculino é o coco embora ambos acabem por ser dois aspectos do mesmo ser, confundem-se um com o outro na sua representação e no seu papel de assustar meninos; como nenhum destes seres tem uma forma definida toma-se um pelo outro." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Coca_%28folclore%29)

DORME, CRIANÇA INFELIZ! SE NÃO DORMIR, UM DRAGÃO ANCESTRAL QUE VERTE FOGO DO ROSTO VAI VIR TE ROUBAR E TE DESMEMBRAR!!
Que horror!!! E tem gente que reclama da banalização da violência em jogos e na televisão!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Plataformas de Petróleo



A pedidos, vou colocar aqui mais um trecho do livro "Guia de Sobrevivência a Zumbis", do Max Brooks... este trecho de alguma forma é "além da margem" também ;)
Divirtam-se!

Quando se escolhe uma fortaleza levando-se em conta apenas a segurança, nada no mundo pode ser mais indicado do que essas ilhas artificiais. Completamente isoladas da costa, com espaços de moradia e de trabalho suspensos, bem distantes do nível do mar, mesmo um zumbi inchado e que consiga flutuar nunca seria capz de alcançar uma dessas plataformas. Isto torna a segurança desses locais uma preocupação desnecessária, permitindo que você e seu grupo concentrem-se por inteiro na tarefa de sobreviver.
As plataformas de petróleo também se destacam por sua auto-suficiência, especialmente a curto prazo. Assim como os navios, elas têm seus próprios recursos médicos e todos os outros necessários para a sobrevivência de seres humanos. Muitas são equipadas para manter todas as necessidades da tripulação por mais de seis meses. Todas possuem suas próprias destilarias, de forma que a falta de água fresca nunca será um problema.
E já que todoas elas estão equipadas com carvão, óleo ou gás natural, a energia também será ilimitada.
A comida também é abundante, já que o oceano fornece uma nutritiva (e, segundo alguns, superior) dieta de peixes, algas, e, se possível, mamíferos aquáticos (comentário do Fozzy: CHURRASCO DE BALEIA!!!. Fim do comentário do Fozzy). A não ser que a plataforma seja extremamente próxima da costa, não há perigo de poluição industrial. As pessoas podem, e devem, viver de forma plena e por tempo indeterminado com as riquezas do oceano.
Esse completo isolamento pode ser tão atraente quanto aparenta, mas também tem sua própria gama de dificuldades.
Qualquer pessoa que viva próximo à praia lhe dirá como maresia pode ser mortal. A corrosão será seu inimigo número um, vencendo, por fim, todas as medidas preventivas adotadas. Máquinas essenciais devem ser consertadas. As destilarias menos sofisticadas, compostas por chaminés de aço e barris de cobre, funcionam tão bem quanto dessalinizadores de alta tecnologia. Dínamos movidos à energia eólica e das marés podem fornecer mais da metade da eletricidade produzida por geradores de combustível fóssil. Os equipamentos elétricos sensíveis, como computadores, rádios e aparelhos médicos, serão os primeiros a serem consumidos e os mais difíceis de substituir. Por fim, todo o complexo irá se deteriorar, passando do topo de linha das maravilhas industriais para a posição de casco tosco e enferrujado, embora ainda útil.
Ao contrário das prisões e das bases militares, as plataformas de petróleo marítimas serão os primeiros lugares a ser abandonados. Logo nos primeiros dias de insurreição, os trabalhadores exigirão, sem dúvida alguma, retornar para suas famílias, deixando a plataforma sem nenhuma equipe treinada. Se ninguém no seu grupo souber como operar o maquinário, pode ser difícil aprender (comentário do fozzy: TATU! É AQUI QUE VOCÊ ENTRA!!!! NÃO ME DECEPCIONE, GAROTA!!. fim do comentário do fozzy). Ao contrário das prisões, pode não haver uma biblioteca com manuais em todas as estantes. Essa tarefa requer um pouco de improviso criativo. Você deve se concentrar no que você é capaz de operar em vez de tentar utilizar toda tecnologia que pode ser encontrada na maioria das plataformas sofisticadas. Pelo menos até que você domine as operações mais simples.
Os acidentes industriais - explosões de gás ou óleo armazenaos - já são suficientemente ruins quando ocorrem em terra firme. No meio do oceano, transformam-se em alguns dos piores desastres da história. Até com a ação do corpo de bombeiros e os recursos de resgate de um mundo vivente e em perfeito funcionamento, tripulações inteiras foram mortas quando suas plataformas foram tomadas pelas chamas. O que aconteceria se ocorresse um incêndio e não houvesse ninguém a quem se pudesse gritar por socorro? Isso não significa que as plataformas de petróleo são bombas plantadas no mar esperando para serem detonadas; não significa que esse tipo de construção deva ser evitado por todas as pessoas com grau mínimo de prudência.
O que é recomendado, entretanto, é desligar o perfurador. Isso pode privar você da obtenção de mais petróleo, mas fará maravilhas por sua espectativa de vida. Utilize o combustível já armazenado para o gerador. Como afirmamos anteriormente, isso não lhe dará a mesma amperagem como gerador primário, mas com o perfurador desligado e todas as outras instalações industriais fora de uso, para que você precisará de tanta energia?
O oceano pode ser uma fonte de vida, mas também é um assassino impiedoso. Tempestades que explodem com ferocidade raramente vistas em terra firm podem estraçalhar até as mais resistentes plataformas. As gravações de noticiários que mostram plataformas no mar do Norte literalmente capotando, desintegrando-se até se tornarem um amontoado de lixo que posteriormente afundará sob as ondas, são suficientes para fazer qualquer um pensar duas vezes antes de deixar a costa. Este é, infelizmente, um problema que não poderá ser remediado pela humanidade. Nada contido neste, ou em qualquer outro livro, poderá salvá-lo da natureza quando ela decide remover esses grandes amontoados de aço de seu oceano.

fonte: "O Guia de Sobrevivência a Zumbis", Max Brooks, Na defesa - Regras Gerais - A fortaleza.

domingo, 17 de junho de 2007

Primeira ou Terceira Pessoa?


Outro dia estava discutindo com um amigo meu o que é mais imersivo em jogos: a perpectiva em primeira ou em terceira pessoa.
Eu sempre achei bastante óbvio que um ponto de vista "nos olhos" de um personagem (seja isto num livro, num filme, ou num jogo) era sempre mais imersivo do que ver (ou imaginar) o personagem exteriormente.
Acredito que o ponto de vista (literalmente) é um fator crucial para se determinar imersão, pela seguinte razão: acompanhar uma história pelos olhos do personagem é (ao meu ver) a forma mais íntima de interação possível sem ser o próprio personagem.
Concordo que (no caso de jogos eletrônicos, ou filmes) a visão natural do personagem é limitada pelos fatores tecnológicos da interface usada (monitores, televisões, telas de cinema), mas ainda assim acredito que recursos (deformação da imagem, por exemplo) podem ser utilizados para "enganarmos" nossos olhos. Afinal de contas, nós, seres humanos conseguimos focalizar há 30cm de distância, uma pequena área mais ou menos do tamanho de uma moeda de 1 real.
Para mim isto foi sempre óbvio, mas o interessante de se conhecer outras mentes é ver outros pontos de vista.




sábado, 16 de junho de 2007

Fortaleça a mais forte das armas


O corpo humano, se cuidado e treinado de forma apropriada, é a maior arma existente na Terra. Os americanos são famosos por sua dieta ruim, falta de exercícios e um fetiche implacável pela tecnologia criada para poupar qualquer esforço. Em vez de "bicho-preguiça" um termo mais apropriado seria "gado": gordo, preguiçoso, apático e pronto para ser comido. A Arma Número 1, a ferramenta biológica que é o nosso corpo, pode e deve ser transformada de presa em predador. Obedeça uma dieta rigorosa e um regime de adequação física. Concentre-se em exercícios cadriovasculares em vez daqueles que favorecem o desenvolvimento dos músculos. Monitore qualquer deficiência de saúde crônica que você possa ter, independente de sua gravidade. Mesmo que sua pior enfermidade seja uma alergia, você deve saber EXATAMENTE do que o seu corpo é capaz! Estude e torne-se mestre em pelo menos uma arte marcial. Assegure-se que essa luta enfatize tanto táticas para escapar de imobilizações quanto para desferir golpes. Saber como escapar das garras de um zumbi é a habilidade mais importante que você pode ter ao se encontrar num combate corpo-a-corpo.

fonte: "O Guia de Sobrevivência a Zumbis", Max Brooks, Armas e Técnicas de Combate - Regras Gerais.

Ok, eu não tinha o que escrever hoje, aí decidi botar umas palavras de sabedoria para todos vocês que ainda não começaram a se preparar para o inevitável dia do confronto.

Fiquem alertas!!

sexta-feira, 15 de junho de 2007

A inspiração.


A Terceira Margem do Rio

Guimarães Rosa


Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.

Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.

Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.

Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza dessa verdade deu para. estarrecer de todo a gente. Aquilo que não havia, acontecia. Os parentes, vizinhos e conhecidos nossos, se reuniram, tomaram juntamente conselho.

Nossa mãe, vergonhosa, se portou com muita cordura; por isso, todos pensaram de nosso pai a razão em que não queriam falar: doideira. Só uns achavam o entanto de poder também ser pagamento de promessa; ou que, nosso pai, quem sabe, por escrúpulo de estar com alguma feia doença, que seja, a lepra, se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua família dele. As vozes das notícias se dando pelas certas pessoas — passadores, moradores das beiras, até do afastado da outra banda — descrevendo que nosso pai nunca se surgia a tomar terra, em ponto nem canto, de dia nem de noite, da forma como cursava no rio, solto solitariamente. Então, pois, nossa mãe e os aparentados nossos, assentaram: que o mantimento que tivesse, ocultado na canoa, se gastava; e, ele, ou desembarcava e viajava s'embora, para jamais, o que ao menos se condizia mais correto, ou se arrependia, por uma vez, para casa.

No que num engano. Eu mesmo cumpria de trazer para ele, cada dia, um tanto de comida furtada: a idéia que senti, logo na primeira noite, quando o pessoal nosso experimentou de acender fogueiras em beirada do rio, enquanto que, no alumiado delas, se rezava e se chamava. Depois, no seguinte, apareci, com rapadura, broa de pão, cacho de bananas. Enxerguei nosso pai, no enfim de uma hora, tão custosa para sobrevir: só assim, ele no ao-longe, sentado no fundo da canoa, suspendida no liso do rio. Me viu, não remou para cá, não fez sinal. Mostrei o de comer, depositei num oco de pedra do barranco, a salvo de bicho mexer e a seco de chuva e orvalho. Isso, que fiz, e refiz, sempre, tempos a fora. Surpresa que mais tarde tive: que nossa mãe sabia desse meu encargo, só se encobrindo de não saber; ela mesma deixava, facilitado, sobra de coisas, para o meu conseguir. Nossa mãe muito não se demonstrava.

Mandou vir o tio nosso, irmão dela, para auxiliar na fazenda e nos negócios. Mandou vir o mestre, para nós, os meninos. Incumbiu ao padre que um dia se revestisse, em praia de margem, para esconjurar e clamar a nosso pai o 'dever de desistir da tristonha teima. De outra, por arranjo dela, para medo, vieram os dois soldados. Tudo o que não valeu de nada. Nosso pai passava ao largo, avistado ou diluso, cruzando na canoa, sem deixar ninguém se chegar à pega ou à fala. Mesmo quando foi, não faz muito, dos homens do jornal, que trouxeram a lancha e tencionavam tirar retrato dele, não venceram: nosso pai se desaparecia para a outra banda, aproava a canoa no brejão, de léguas, que há, por entre juncos e mato, e só ele conhecesse, a palmos, a escuridão, daquele.

A gente teve de se acostumar com aquilo. Às penas, que, com aquilo, a gente mesmo nunca se acostumou, em si, na verdade. Tiro por mim, que, no que queria, e no que não queria, só com nosso pai me achava: assunto que jogava para trás meus pensamentos. O severo que era, de não se entender, de maneira nenhuma, como ele agüentava. De dia e de noite, com sol ou aguaceiros, calor, sereno, e nas friagens terríveis de meio-do-ano, sem arrumo, só com o chapéu velho na cabeça, por todas as semanas, e meses, e os anos — sem fazer conta do se-ir do viver. Não pojava em nenhuma das duas beiras, nem nas ilhas e croas do rio, não pisou mais em chão nem capim. Por certo, ao menos, que, para dormir seu tanto, ele fizesse amarração da canoa, em alguma ponta-de-ilha, no esconso. Mas não armava um foguinho em praia, nem dispunha de sua luz feita, nunca mais riscou um fósforo. O que consumia de comer, era só um quase; mesmo do que a gente depositava, no entre as raízes da gameleira, ou na lapinha de pedra do barranco, ele recolhia pouco, nem o bastável. Não adoecia? E a constante força dos braços, para ter tento na canoa, resistido, mesmo na demasia das enchentes, no subimento, aí quando no lanço da correnteza enorme do rio tudo rola o perigoso, aqueles corpos de bichos mortos e paus-de-árvore descendo — de espanto de esbarro. E nunca falou mais palavra, com pessoa alguma. Nós, também, não falávamos mais nele. Só se pensava. Não, de nosso pai não se podia ter esquecimento; e, se, por um pouco, a gente fazia que esquecia, era só para se despertar de novo, de repente, com a memória, no passo de outros sobressaltos.

Minha irmã se casou; nossa mãe não quis festa. A gente imaginava nele, quando se comia uma comida mais gostosa; assim como, no gasalhado da noite, no desamparo dessas noites de muita chuva, fria, forte, nosso pai só com a mão e uma cabaça para ir esvaziando a canoa da água do temporal. Às vezes, algum conhecido nosso achava que eu ia ficando mais parecido com nosso pai. Mas eu sabia que ele agora virara cabeludo, barbudo, de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol e dos pêlos, com o aspecto de bicho, conforme quase nu, mesmo dispondo das peças de roupas que a gente de tempos em tempos fornecia.

Nem queria saber de nós; não tinha afeto? Mas, por afeto mesmo, de respeito, sempre que às vezes me louvavam, por causa de algum meu bom procedimento, eu falava: — "Foi pai que um dia me ensinou a fazer assim..."; o que não era o certo, exato; mas, que era mentira por verdade. Sendo que, se ele não se lembrava mais, nem queria saber da gente, por que, então, não subia ou descia o rio, para outras paragens, longe, no não-encontrável? Só ele soubesse. Mas minha irmã teve menino, ela mesma entestou que queria mostrar para ele o neto. Viemos, todos, no barranco, foi num dia bonito, minha irmã de vestido branco, que tinha sido o do casamento, ela erguia nos braços a criancinha, o marido dela segurou, para defender os dois, o guarda-sol. A gente chamou, esperou. Nosso pai não apareceu. Minha irmã chorou, nós todos aí choramos, abraçados.

Minha irmã se mudou, com o marido, para longe daqui. Meu irmão resolveu e se foi, para uma cidade. Os tempos mudavam, no devagar depressa dos tempos. Nossa mãe terminou indo também, de uma vez, residir com minha irmã, ela estava envelhecida. Eu fiquei aqui, de resto. Eu nunca podia querer me casar. Eu permaneci, com as bagagens da vida. Nosso pai carecia de mim, eu sei — na vagação, no rio no ermo — sem dar razão de seu feito. Seja que, quando eu quis mesmo saber, e firme indaguei, me diz-que-disseram: que constava que nosso pai, alguma vez, tivesse revelado a explicação, ao homem que para ele aprontara a canoa. Mas, agora, esse homem já tinha morrido, ninguém soubesse, fizesse recordação, de nada mais. Só as falsas conversas, sem senso, como por ocasião, no começo, na vinda das primeiras cheias do rio, com chuvas que não estiavam, todos temeram o fim-do-mundo, diziam: que nosso pai fosse o avisado que nem Noé, que, por tanto, a canoa ele tinha antecipado; pois agora me entrelembro. Meu pai, eu não podia malsinar. E apontavam já em mim uns primeiros cabelos brancos.

Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e o rio-rio-rio, o rio — pondo perpétuo. Eu sofria já o começo de velhice — esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais. De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar do vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranqüilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando idéia.

Sem fazer véspera. Sou doido? Não. Na nossa casa, a palavra doido não se falava, nunca mais se falou, os anos todos, não se condenava ninguém de doido. Ninguém é doido. Ou, então, todos. Só fiz, que fui lá. Com um lenço, para o aceno ser mais. Eu estava muito no meu sentido. Esperei. Ao por fim, ele apareceu, aí e lá, o vulto. Estava ali, sentado à popa. Estava ali, de grito. Chamei, umas quantas vezes. E falei, o que me urgia, jurado e declarado, tive que reforçar a voz: — "Pai, o senhor está velho, já fez o seu tanto... Agora, o senhor vem, não carece mais... O senhor vem, e eu, agora mesmo, quando que seja, a ambas vontades, eu tomo o seu lugar, do senhor, na canoa!..." E, assim dizendo, meu coração bateu no compasso do mais certo.

Ele me escutou. Ficou em pé. Manejou remo n'água, proava para cá, concordado. E eu tremi, profundo, de repente: porque, antes, ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto — o primeiro, depois de tamanhos anos decorridos! E eu não podia... Por pavor, arrepiados os cabelos, corri, fugi, me tirei de lá, num procedimento desatinado. Porquanto que ele me pareceu vir: da parte de além. E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão.

Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.

fonte: http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp


Desde a primeira vez que li este texto no colegial fiquei intrigado. Estou colocando ele aqui, afinal de contas, serviu como inspiração para o nome do blog! Bem vindo ao lado de cá da 3ª margem!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

No calor da batalha



Pontos de vista conflitantes, discussões acaloradas. O ambiente científico é algo realmente fascinante. Assisti uma palestra esta semana, sobre um assunto bem "quente": Evolucionismo vs Criacionismo.
É um tema forte, pesado, que inevitavelmente mexe com todos os seres humanos (por mais que nem todos prestem a devida atenção). A resposta para a possibilidade de haver alguma razão na nossa existência está nesta discussão.
De um lado os cientistas, que acreditam que tudo o que existe assim o é independente da influência de alguma entidade criadora.
Do outro lado os religiosos, que acreditam no oposto: tudo o que existe foi planejado, moldado e criado por uma entidade conciente.
Mas não vim escrever sobre as teorias. Vim escrever sobre pessoas. Pessoas extremistas. E elas existem dos dois lados! Eu, pessoalmente, acredito na Evolução. Como o cientista que me imagino ser, estou preparado para encarar que estou errado. Nem todos estão, e é frustrante ver cientistas tão dogmáticos quanto os religiosos tão estereotipados hoje em dia. De uns tempos para cá, os religiosos tem adotado a imagem de vilões na cultura popular, mas acho sinceramente que nenhum dos dois lados da moeda está livre de pessoas que não contribuem em nada na solução dos maiores mistérios que nos cercam.

Primeiro Post


Bom, cá estou escrevendo meu primeiro post no meu primeiro blog (nunca achei que fosse fazer isso).
Momento histórico! Mais notícias, em breve.