quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Meus dois centavos sobre o assunto


Os acontecidos das últimas semanas, referentes à invasão da reitoria da USP deixaram claras várias coisas: Falsos moralismos, preconceitos e convicções dogmáticas, estão entre as piores delas.
Não sou a favor de ações ilegais para provar pontos ou conquistar privilégios, sejam eles quais forem.
Sou a favor da legalização de certas drogas (quase todas, com excessão das óbviamente destrutivas a curto prazo). Parafraseando um amigo, vivemos num status quo ridículo e totalmente hipócrita, com cigarros e bebidas sendo toleradas em detrimento de substâncias muitas vezes menos nocivas. Concordo.
Mas discordo dos métodos que os grupos (que se sentem) diretamente prejudicados tem escolhido para tentar conquistar a tal mudança.
O sistema em que vivemos é falho, esburacado, incompleto, (em parte) corrupto, lento e nem sempre eficaz. Mas é o que temos de mais precioso, e certamente é melhor que todos os que o antecederam. Existe (muito) espaço para melhorias, mas as mudanças tem que ser para frente, não para trás. Houve época em que o confronto direto, a provocação e a violência foram um males necessários. Não são mais.
Antes de discutir se a legalização das drogas é uma iniciativa positiva, antes de discutir se a presença de policiais no campus é desejável, antes de discutir sobre liberdades individuais, o problema me parece mais sério.
Me parece que o normal é se achar acima dos outros. Discordar de algo, aparentemente tomou a forma de um mecanismo que dá direitos de simplesmente passar por cima do que for necessário, sem medo de represálias. Violentamente, se necessário.
De positivo nessa história, só que o número de mortos não aumentou. Alguns podem argumentar que ao tomar proporções nacionais, foi bom para a visibilidade do movimento. Discordo.
A visibilidade foi tomada por preconceito (de ambos os lados), e só está servindo para aumentar abismos ideológicos. Taxados de vagabundos, os estudantes (todos, inclusive os que eram contra a invasão) perderam a chance de conquistar uma imagem mais positiva tanto para eles, quanto para os movimentos de reivindicação.
Taxados de reacionários, fascistas e intolerantes defensores de costumes conservadores, o outro lado (maioria, ao que me parece) não perde a chance de propagar violência como forma de resolução de problemas.
Tenho meus preconceitos, minhas diferenças pessoais, e não perdi a chance de tirar um sarro da situação hipócrita das bandeiras levantadas pelos invasores da reitoria, mas honestamente acho que o problema aqui tange um tema que não está aberto à interpretações pessoais: regras.
Sou contra borrachada. Não acho bacana uma sociedade que viva sob essa bandeira. Um belo dia, pode ser eu, do outro lado dum cacetete ou tiro de borracha. Mas sou a favor de reforço de consequências.
Uma das "exigências" do movimento estudantil (em carta aberta) foi que os envolvidos na invasão não fossem punidos.
Porque esse privilégio? O que estas pessoas tem de especial para estarem isentas das leis que recairiam sobre qualquer outro cidadão? Cadê a luta pela igualdade de direitos (e deveres).
A lei está aberta a questionamento, sim. Está aberta a mudança, sim. Mas enquanto estiver escrita, deve ser aplicada a todos, da forma como está escrita. Nem mais, nem menos.

4 comentários:

Gui disse...
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Gui disse...

Muito bom seu texto Fozzy. Para mim, foi direto ao centro do ponto. Vou te mandar pelo FB um link de uma discussão sobre isso, achei bem legal e com bastante informação.

Yin Yang disse...

Pra mim, quem saiu perdendo no final realemnte foram os estudantes no geral, pois o que ficará para a população em geral foi a imagem de mimadinhos querendo fumar um beck; e toda a gama de discussão do autoritarismo do reitor caiu por água quando um grupo pequeno resolve atropelar a democracia em favor dos SEUS desejos políticos.
Infelizmente, não é a toa que a maioria esmagadora nem quer saber do movimento estudantil, que nada mais é que um espantalho perto do movimento no tempo da ditadura.
Se sabem que suas decisões podem ser caladas por um grupinho que não aceita perder, pq vão perder tempo se expressando?

e depois reclamam da mídia golpista...

Comodo disse...

Exatamente o que eu acho. Independente do que eles lutam e/ou querem, certamente querer a saída da PM é exigir privilégios acima da sociedade. Se eles querem reformas na PM, deve ser feito pela raíz, não apenas dentro da universidade.